Num «sonho» qualquer de vinte e quatro horas, houve alguém que me sorriu e me abraçou. Um alguém que me deu segurança e me ofereceu a felicidade que durante dois anos nunca ninguém me havia oferecido. Não lhe reconheci o rosto, mas a sua voz era doce e dizia-me coisas lindas. Decerto que seriam frases feitas, mas o meu coração sentia-se sozinho e ouvir aquilo preenchia-o por dentro e provocava-lhe sorrisos por fora. Sentia-me leve e preenchida por uma felicidade imensa. 
Entrelaçava os meus dedos nos dele e beijava-me com cuidado, como se os meus lábios fossem algo de muito frágil. Diziam-me que eram os mais bonitos e mais delicados que alguma vez tinha beijado e que os queria conservar para sempre. (...) Eu chorava de felicidade só por saber que ele estava ali do meu lado. Ligava-lhe só para ouvir a sua voz. 
Mas um dia deu-me a escolher «ou ele ou a minha vida». E eu escolhi a minha vida e ele abandonou-me. Esqueceu-se que a minha vida era ele. 
Afinal vivíamos de amor e de juras temporárias. E passadas as vinte e quatro horas mas felizes da minha vida, acordei...E na minha mesinha de cabeceira encontrei um bilhete:
"O Para Sempre não existe, nem é eterno. Pelo menos connosco não existiu. Para Sempre tem de ser criado e acariciado. Tem de ser alimentado com amor e nós não fomos capazes. Se calhar, um dia vai existir. Amo-te."